terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Quando o vento sopra e a sombra se esvai

Ela se perdeu em ruas desertas.
Ela,
no meio da rua,
suja de sangue,
se despiu.

Ela,
de mãos calejadas,
de joelhos ao chão,
lamenta.

Escorre-lhe o rio negro
vindo de seus olhos
que clamam por piedade.
O vento que sopra,
sobre seus ruivos fios,
tampa-lhe a face.

De pulsos libertos, então,
enxerga seu próprio caminho
como a idéia de um
inválido vaga-lume
na escura imensidão.

Em suas últimas
noites de tempestade
e enchentes nos olhos,
seu único desejo
foi uma seda sobre a pele
para lhe cobrir.


(Gustavo Toledo/Larissa Monteiro)

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