terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Não volte

De súbito quis me trocar
Por outro que não te merecia
E que amor não soube te dar
Não do jeito que eu sabia

Quando a lua vier te clarear
O vento em sua janela a entrar
Vai te tocar, sozinha
Noite fria, ninguém para abraçar
Enfim, sua mente a lembrar
Tudo o que já quase esquecia

Quando o mundo deixar de te amar
Só te peço que não se arrependa
E nem tente pensar em voltar
Pois, sorrindo, eu vou aceitar

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

Carta de amor maldito

Eu não conhecia a saudade
Mas você foi embora
Sem sequer me deixar
Uma carta de amor maldito

Eu que não sabia chorar
Molhei todo um lenço
Só por parar e pensar e lembrar...

Eu vejo a inutilidade
Dos meus braços
Sem o seu corpo
Para abraçar

Somada à inutilidade
Das minhas mãos
Sem os seus cabelos
Para acariciar

Nada vale a minha voz
Sem o seu ouvido
Para eu sussurrar

E eu ainda insisto
Em ser fútil
Falando e falando
E falando
Só para ver se ainda
Seus lábios vêm
Me calar

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

Quando o vento sopra e a sombra se esvai

Ela se perdeu em ruas desertas.
Ela,
no meio da rua,
suja de sangue,
se despiu.

Ela,
de mãos calejadas,
de joelhos ao chão,
lamenta.

Escorre-lhe o rio negro
vindo de seus olhos
que clamam por piedade.
O vento que sopra,
sobre seus ruivos fios,
tampa-lhe a face.

De pulsos libertos, então,
enxerga seu próprio caminho
como a idéia de um
inválido vaga-lume
na escura imensidão.

Em suas últimas
noites de tempestade
e enchentes nos olhos,
seu único desejo
foi uma seda sobre a pele
para lhe cobrir.


(Gustavo Toledo/Larissa Monteiro)

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Metal, óleo e fim

Já é tão tarde
Mas ninguém dorme
Insistem em manter os olhos abertos
Lutando contra as pálpebras

E mesmo assim não vêem
Que a criação não é o inverso da destruição
Enquanto eles destroem, abrem caminho
Não percebem que no fim do arco-íris
Nunca está o ouro que se espera

Eles nunca se banharam na lama
Não sabem que é lá, no sujo, no feio
Onde nascem coisas admiráveis
Nunca lapidaram nada com suas mãos
Pois acreditam que o belo já vem pronto

Eles, amigos de máquinas, inimigos dos homens
Destruirão a tudo e a eles juntos
Morrerão e morrerão por traição

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

A minha flor

Oh, minha flor
O teu perfume que, de outra forma
A cada um exala
Exalou-me a dor
Oh, minha flor
A tua cor que mais viva se mostra
A quem te olha com olhos de amigo
Quase matou
A mim que não sou tão belo
Merecedor do teu jardim
Pierrot que sou, queria poder levar comigo
Apenas uma pétala tua
E comigo a levaria
Por todas as minhas estações
Mesmo quando você não for mais flor
Guardaria comigo a tua pétala
Para eu sempre me lembrar
De que um dia você foi minha flor
Mas só pude ter os teus espinhos

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Ela e o silêncio

Amor, por que não aceita o que eu digo
È mais fácil amar quem te ama
Pois amar quem você ama...
Pode ser um amor não retribuído
E aí, você acaba sofrendo, como eu

Você não me deixar nem tentar te fazer feliz
Me faz sentir... tão mal comigo mesmo
Será que sou tão... insuportável
Pra não fazer valer nem a tentativa?

Se eu te magôo te amando assim
Me mate logo, me dê o meu fim
Não vê que me dói mais o seu silêncio
Gritando tudo o que eu não queria ouvir
Sentir a dor destruindo o meu peito
Com palavras que não saem da boca
Não me poupe mais, aguardo o golpe final

Como eu e outros (Em momentos)

Sou poeta
Você me conhece por dentro
Pois sou poeta
Todos me sabem

Sou poeta
Mesmo que você duvide
Em meu pedaço mais desconhecido, mais obscuro
Escondo um segredo

Alguém que não vai voltar

E se eu te deixar sozinha
Ao acordar de manhãzinha
Vai sentir saudade de mim?
À meia cama fria
Ontem, hoje, noite e dia
Nunca se sentiu assim

Louca irá ficar
No quarto a esperar por
Alguém que não vai voltar

Vou te deixar de manhãzinha
Vai acordar sozinha
Uma solidão sem fim
Casa pequena, tão vazia
Sem amor, sem alegria
Seus olhos implorando por mim

Louca irá ficar
No quarto a esperar por
Alguém que não vai voltar